Se me perguntassem hoje qual seria a coisa que mais intensamente desejo, responderia: em primeiro lugar, UM BELO LIVRO. Belo em seu formato, em sua tipologia, em seu papel… Em segundo lugar, almejaria que esse livro tivesse como assunto o próprio livro. Como dizia Charles Nodier: “Depois do prazer de possuí-los, não há outro mais grato que o de falar deles”. É o que fazem, aqui, Marisa Midori Deaecto e Lincoln Secco, dois jovens eruditos que têm em comum a paixão pelo livro e pela história. Eles falam dos livros como falamos de nossos amigos, de pessoas íntimas, numa escrita semelhante a um concerto de voz a serviço do tema, como só os verdadeiros escritores têm a ousadia de fazer.
Os gestos de escrever e de editar não podem ser concebidos sem um prazer soberano. Bibliomania é uma cooperação harmônica entre alguns atores do mundo editorial (autor, editor e designer) que veem o livro como uma terra de palavras, de acolhimento e de deleite.
Que o leitor, na impossibilidade de saboreá-lo, aspire-o, sinta-o, decifre-o… [Plinio Martins Filho]
O ponto central do estudo de Fabiana Marchetti é o livro Revoluções do Brasil Contemporâneo, de Edgard Carone, uma síntese de um período decisivo de nossa história entre o tenentismo e o Estado Novo. Ela remontou o texto para nos mostrar que o autor tinha uma ideia de revolução em duas dimensões: no singular e no plural, sendo que “a Revolução” era um processo mais profundo e complexo, mas que dependeu das inúmeras “revoluções” ou convulsões sociais que minaram a República Velha. Não por acaso, diz nossa autora, Carone inicia sua obra no período de maior debate sobre a “revolução brasileira”, quando a própria ditadura de 1964 buscou apropriar-se daquela ideia. Mas a “Revolução” nunca foi deles e Fabiana Marchetti a resgata. Seu objetivo é que ela floresça nos livros e nas ruas. [Lincoln Secco]
Coleção 100 Anos da Revolução Russa
Projeto Gráfico e Capa: Gustavo Piqueira (Casa Rex)
Este livro é dedicado a todos aqueles que desejam, por necessidade profissional ou por simples desejo estético, ir além de produzir um texto burocraticamente correto, claro e coerente. Oferece para isso sugestões originais sobre como introduzir uma ideia nova num texto e sobre como desenvolvê-la, buscando uma boa posição argumentativa ou, simplesmente, a sedução do leitor. Ensina, também, a partir da moderna ciência cognitiva, como utilizar pequenas histórias, comparações e metáforas para dar maior consistência e criatividade ao texto. Em sua segunda parte, com inúmeros exemplos, explica os passos mais importantes para quem deseja escrever textos de ficção, como uma crônica, um conto ou um romance. Trata-se de um livro que visa responder a uma necessidade não apenas dos estudantes das áreas de Letras, Jornalismo, Marketing, Direito, mas também de pessoas que, exercendo profissões que não dependem tanto da escrita, desejam saber como escrever com criatividade e beleza.
Crítica Reunida sobre Literatura Brasileira & Inéditos em Livros
“Aliadas às outras qualidades do poeta-crítico, temos agora a oportunidade de observar com amplitude a excelência da sua reflexão sobre a literatura brasileira. Deparamos então com uma visão muito bem informada e formada, sem se fechar num gosto determinado e exclusivista. […] Se de um lado, valoriza a erudição e revisita autores da tradição, de outro sabe reconhecer a singularidade de escritores que fogem ao mainstream e se arriscam na busca de uma linguagem própria.” [Fernando Paixão]
“Surpreendemos, entre os ensaios inéditos em livro aqui presentes, a série ‘Carlos Drummond de Andrade e o Humour I, II e III’, publicada em O Dia, de Curitiba, em março/abril de 1948. Paes apreende os dilemas da arte social de Drummond: ao passar o real pelo crivo de sua subjetividade, o poeta o torna abstrato, sobressaindo uma metafísica angustiada, que se contrapõe à limitação do mundo objetivo […]. Destaque-se a análise da ‘forma humorística’ drummondiana, voltada contra a realidade capitalista ou contra o próprio comportamento pessoal.” [Ieda Lebensztayn]
Organizadores: Fernando Paixão e Ieda Lebensztayn
Projeto Gráfico e Capa: Assis Negrito Comunicação Visual Ltda.
O poema Un coup de dés (Um Lance de Dados), de Mallarmé, teve sua primeira publicação na revista Cosmopolis, em 1897. O poeta viria a morrer no ano seguinte, e o poema só veio a ter edição em livro postumamente, em 1914. Ao longo de todo o século XX, e agora seguindo pelo século XXI adentro, o Um Lance de Dados exerceu influência imensurável não apenas no campo da poesia, talvez de modo especial nas experimentações visuais, mas também no âmbito da própria crítica, para a qual constitui um desafio permanente. Mas seu impacto se fez sentir ainda mais amplamente, alcançando as artes plásticas e a música. Paul Valéry, que deixou relato emocionado da leitura que Mallarmé lhe fez de seu poema e que foi dos primeiros a escrever sobre ele – o que fez, de resto, mais de uma vez – fala da impressão de, ao ver o Um Lance de Dados, estar a ver a “figura de um pensamento”; e resumiu a criação de Mallarmé na bela imagem de que este, com o projeto de Um Lance de Dados, havia tentado “elevar enfim uma página à potência do céu estrelado”. A tradução de Álvaro Faleiros, trabalho acurado e competente, como exige a dificuldade do poema, propõe como primeira meta o acesso em português ao texto de Mallarmé – este é naturalmente o objetivo de uma tradução. Além disso, porém, estabelece profícuo diálogo com o universo dos trabalhos consagrados ao poema, em que se inclui de modo especial a tradução precedente, realizada por Haroldo de Campos na década de 1970, um marco na apresentação de Mallarmé aos leitores brasileiros. Assim, a tradução realizada por Álvaro Faleiros implica (não apenas no texto em que comenta e esclarece seu trabalho, mas no próprio exercício de traduzir) uma bem-vinda e oportuna renovação e retomada da discussão sobre a constituição e as consequências desse poema, quando desse modo a atividade de tradução se revela também como leitura, interpretação, crítica, criação. [Júlio Castañon Guimarães]
Couto de Barros, conhecido por seus amigos como “filósofo da malta”, participou ativamente do cenário econômico e cultural paulistano durante o século XX. Com uma extensa produção publicada nos principais periódicos das décadas de 1920 e 1930 (Klaxon, Estética, Revista do Brasil, Terra Roxa e Outras Terras, Verde, Ariel, O Mundo Ford, Revista Nova, Geografia, Diário Nacional, A Gazeta, A Manhã, O Estado de S. Paulo), o modernista seguiu uma atividade intelectual empenhada em pensar e servir ao país.
Os textos reunidos nesse volume, organizado por Maria Eugenia Boaventura, traduzem um esforço de reflexão abrangente, sem preocupação normativa ou rigor metodológico. Como crítico, é constante sua disposição de analisar o aspecto estético, de tentar explicar a arte moderna, o trabalho do artista e também de reconhecer a importância do leitor no processo de constituição das obras. Em sua produção, Couto prima pela clareza e pela estratégia de informar o público e convidá-lo à leitura das obras de uma plêiade de modernistas do porte de Oswald e Mário de Andrade, Sérgio Milliet, Alcântara Machado, Cassiano Ricardo, Manuel Bandeira e Graça Aranha.
ortografia revisada e acréscimo de novos capítulos
Este volume reúne textos sobre a literatura dos dois maiores países africanos de colonização portuguesa. Em ambos, o passado de lutas pela emancipação é transfigurado em arte por autores que buscam a construção, quase utópica, de uma identidade nacional. A autora, professora da USP, faz análises contundentes – por exemplo, sobre a obra do angolano Manuel Rui Pepetela. Neste livro, destaca-se também uma entrevista dada por José Craveirinha, poeta que lutou pela independência de Moçambique.
Graciliano na Terra de Camões investiga um momento único na história do intercâmbio artístico entre Portugal e Brasil, em que, ao contrário dos séculos anteriores, a literatura brasileira, sobretudo o romance de 1930, exerceu ascendência sobre os escritores lusos. No caso específico do paradigmático Graciliano Ramos, se, de modo mais recorrente, investiga-se a influência que Eça de Queiroz teve sobre a perspectiva crítica e a produção romanesca do escritor alagoano, privilegia-se, aqui, o caminho oposto: as ressonâncias do autor de Vidas Secas e, em chave mais ampla, do livro brasileiro na terra de Camões, entre as décadas de 1930, 1940 e 1950. Para tanto, Thiago Mio Salla recupera e analisa um leque amplo e desconhecido de documentos – artigos de jornais e revistas, cartas, dedicatórias em livros, manuscritos, relatórios de censura, contratos entre editoras etc. –, de modo a reconstituir e a matizar as diferentes facetas de tal contexto complexo em que se pode observar a inversão do vetor cultural entre o Brasil e sua antiga metrópole.
Durante o regime militar brasileiro, Leon Hirszman foi um dos principais nomes para a consolidação da resistência cultural. Em busca de um cinema que dialogasse com amplo público, o realizador dirigiu filmes que desnudaram as contradições existentes na ditadura. Que País é Este?, ABC da Greve e Eles Não Usam Black-Tie, obras produzidas entre 1976 e 1981, evidenciam a força de um cineasta que, sem abrir mão do apuro estético, investiu na defesa de um frentismo político em prol da redemocratização do país. Nas páginas deste livro, Hirszman emerge como artista próximo às heranças do Teatro de Arena, como realizador filiado ao comunismo e que procurou a atualização constante de suas práticas de engajamento. Concentrando-se na década de 1970 e no início dos anos 1980, Reinaldo Cardenuto situa Hirszman em relação às questões do período, a exemplo do novo sindicalismo, apresentando o percurso de um artista que encontrou na classe popular a essência de sua criação. Entrar em contato com os filmes do cineasta é perceber que a resistência cultural, em sua pluralidade, possui uma história a ser conhecida no tempo presente.
Capa: Gustavo Piqueira/Casa Rex (Projeto Gráfico) – Francisco Magaldi (Foto)
Em O Encanto de Narciso o autor transita pelos temas que têm lhe sido caros ao longo de sua trajetória enquanto pensador e criador de imagens
como história, memória, cultura visual, poética e, por certo, a ficção, elemento que, de uma forma ou de outra, permeia as representações fotográficas. A narrativa é estruturada a partir de uma centena de textos-síntese de leitura independente, porém articulados direta ou indiretamente. Ao final, percebe-se como todos se remetem entre si, na sua essência, não obstante a diversidade temática das seis partes que compõem o livro. Kossoy percorre a natureza própria e ilimitada da fotografia enquanto forma de expressão, produto social e cultural, cujo constructo abriga em si um ambíguo processo de criação de realidades, que repercute além do próprio fato e do registro. Um constructo a ser desmontado.
“Herdando uma Biblioteca é uma celebração do mundo dos livros. Uma celebração bastante pessoal, mas que não deixa de ter sentido universal, de valer para tantos outros leitores. O livro reúne crônicas que falam de leituras, das bibliotecas que herdamos e que deixamos de herança, daquelas que existem na realidade e das outras, às vezes melhores, que só persistem em nossa imaginação. Num certo sentido, Herdando uma Biblioteca é uma continuação – ou desdobramento – do romance autobiográfico de Miguel Sanches Neto, Chove Sobre Minha Infância. Os temas que lá estão reaparecem aqui e o diálogo entre as duas obras é notável a cada passagem. Miguel lembra de saída que, órfão precoce de pai analfabeto, não poderia ter herdado livros. Restava então desvelá-los no quotidiano precário da Peabiru da infância, da banca de jornais que vendia alguns poucos volumes, na descoberta espantosa de livrarias e sebos em outras cidades.
Para além das revelações pessoais – que nunca perdem seu teor ficcional –, os livros e as leituras são captados por uma lente singular: a que sabe de sua consistência pluriforme: são objetos sagrados e profanos, são cultuados, mas também apropriados pelos leitores, que os rabiscam com o lápis que está à mão, que os garimpam pelas prateleiras dos sebos. E esse conhecimento dos livros só o tem quem convive com eles numa intensidade quase obcecada, quem teme sobretudo a ausência deles – que traz a “pobreza de palavras” e a solidão. Borges uma vez falou, lembrando sua infância, que nunca se perdera fora da biblioteca de seu pai. Miguel Sanches Neto, você, leitor, eu e tantos outros, talvez possamos endossar a afirmação, ampliando-a. Em nosso mundo, não é possível se perder fora de bibliotecas. Mas é impossível não nos perdermos dentro delas. [Julio Pimentel Pinto]
Massao Ohno foi um dos maiores editores do país, deixando sua ideia e marca que influenciou o mercado editorial independente. Este imenso trabalho gráfico pode ser acompanhado no livro Massao Ohno, Editor (Ateliê Editorial), escrito e organizado pelo crítico e professor José Armando Pereira da Silva, e projeto gráfico de Gustavo Piqueira e Samia Jacintho. O objetivo inicial da obra foi o levantamento da produção editorial de Massao Ohno – morto em 2010 -, apresentada cronologicamente, e que pode servir de referência para outras abordagens de sua carreira. Houve também o propósito de conferir a colaboração dos artistas, seus parceiros no desenho de capas e ilustrações. Acompanham a reprodução colorida das capas, apontamentos históricos, biográficos e depoimentos, relacionados aos autores e às obras. Deste rastreamento são reproduzidas capas de 174 obras, que permitem observar como se deu e se firmou sua marca. Mesmo sem acesso a toda sua produção, são destacadas algumas preferências de Massao e a primeira fase da editora, de 1960 a 1964. Nesse período culturalmente intenso, não só os novos poetas tiveram nele um veiculador sensível e comprometido em dar identidade a seus projetos. Poetas conhecidas, como Hilda Hilst, Renata Pallottini, Jorge Mautner, Eunice Arruda e Lupe Cotrim Garaude, receberam dele atenção especial. Cuidou também de outros gêneros, editando de obras teatrais, clássicos orientais e se tornando o maior divulgador do gênero haicai. Além disso, Massao Ohno mudou a trajetória da poesia nacional ao lançar a Coleção Novíssimos, na década de 1960, em que incluía, entre outros, Roberto Piva e Claudio Willer.
Massao Ohno, Editor é uma obra importante que dá luz e forma a um dos mais importantes editores do Brasil, assim como fornece o estudo sobre a linguagem, editoração e o trabalho gráfico que transformou o mercado editorial e que não pode ser esquecido.
Projeto Gráfico: Gustavo Piqueira e Samia Jacintho / Casa Rex
A Ateliê Editorial oferece ao leitor e à crítica esta edição de Inocência, célebre romance do Visconde de Taunay, um “clássico” da literatura brasileira. Segundo José Veríssimo, talvez o crítico mais prestigiado no tempo em que Inocência encontrava seus primeiros leitores: “[…] na literatura brasileira a Inocência compete pela estimação e renome com o Guarani e a Iracema, de Alencar, e a popularidade destes dois livros, igualmente apreciados pelos espíritos literários e pelo leitor ingênuo, é das que assentam e legitimam a glória do escritor. […]”
Com texto fidedigno, estabelecido segundo os critérios e métodos da Crítica Textual, esta edição é introduzida por um esclarecedor ensaio de Jefferson Cano, professor doutor da Universidade de Campinas (Unicamp). O texto do romance é acompanhado de notas não só do autor, mas também editoriais, de modo a promover o melhor entendimento possível do texto, sobretudo, a leitores em formação.
Em 2018, a Constituição brasileira completou trinta anos. Conhecida como “Constituição Cidadã”, um de seus principais méritos foi ter ampliado direitos individuais e coletivos num contexto de abertura do país para o regime democrático. Dentre os muitos avanços em relação aos direitos fundamentais, destaca-se o Capítulo “Dos Índios”, que reconhece aos povos indígenas a legitimidade de suas organizações sociais e tradições culturais, além de seus direitos originários às terras que tradicionalmente ocupam. Hoje, esses direitos têm sido alvo de constantes ofensivas em favor dos interesses do agronegócio, mineradoras e grandes projetos de infraestrutura. Neste livro, reunimos depoimentos de pessoas que exerceram papéis importantes na definição dos direitos indígenas na Constituição e de alguns dos atuais protagonistas na luta pela sua manutenção face às diversas ações contemporâneas que visam a reduzi-los. O resultado é um diálogo entre gerações, que recupera a memória da mobilização em favor da continuidade da luta.
Tomás Santa Rosa dedicou-se a vários ofícios no campo das artes plásticas: executou pinturas e gravuras, criou capas, ilustrações e projetos gráficos para livros, revistas e jornais, elaborou cenários e figurinos para o teatro. Foi responsável pela cenografia da peça Vestido de Noiva, dirigida por Ziembinski em 1943, considerada um divisor de águas no processo de modernização de teatro brasileiro. A convivência com Portinari, com quem trabalhou e de quem se tornou amigo, permitiu que aperfeiçoasse o seu apurado senso estético. Com esse conhecimento, Santa Rosa passou a assinar a coluna de crítica de arte no Diário de Notícias em 1945, herdando o posto do aclamado Di Cavalcanti. Luís Bueno destaca neste livro o que considera fundamental para o conhecimento da história da editoração e do design gráfico no Brasil: as capas criadas por Santa Rosa.
Esta gramática se destina a todos aqueles que gostariam de conhecer melhor a maneira como funciona a língua portuguesa e resolver dúvidas sobre concordância, regência, ortografia, colocação etc., por meio de respostas simples, escritas em linguagem clara, despidas de complicações ou erudições. Por isso, esta gramática é útil tanto para alunos do ensino fundamental e médio quanto para quem cursa ou já cursou universidade e quer ter segurança ao escrever um e-mail, um relatório, uma apresentação, uma tese acadêmica, uma petição ou até mesmo um livro de ficção.
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