A escrita tem o poder de transformar o efêmero em eterno. Isso é o que faz dela um desafio permanente para a compreensão dos povos em sua diversidade linguística e cultural. Adovaldo Fernandes Sampaio explora os caminhos tortuosos que levaram ao que a escrita é hoje – das inscrições em cavernas às telas de computador. Com rica iconografia, Letras e Memória segue o lento processo que leva do traço gravado ou pintado à emergência da leitura, do leitor e do prazer de ler.
Neste volume, Paulo Franchetti narra sua aventura solitária, sobre uma motocicleta, até o Atacama. Mas este não é apenas um livro de viagem, embora se estruture sobre um trajeto de 11.000 km. É sobretudo uma obra literária de escopo mais amplo, na qual os vales acolhedores e a solidão da cordilheira e do deserto convocam lembranças, despertam outras histórias que se vão entrelaçando com a paisagem e os imprevistos do caminho, e por fim renovam a conversa interior com os vivos e os mortos. No primeiro capítulo, o leitor se vê no meio do percurso, num dos momentos mais tensos. Mas em seguida, ao virar a página, está longe dali, num centro cirúrgico, acompanhando uma operação. Depois retorna à estrada, para logo a seguir ser puxado outra vez para outro tempo e outro espaço. Embora o livro prossiga sinuosamente, como uma das muitas passagens de montanha que a motocicleta vai percorrendo, a maestria com que se constrói a intersecção dos vários tempos e lugares permite que a paisagem física e humana possa ser apresentada com clareza. Assim, passado e presente se combinam em contida emotividade, sem que nunca o leitor se sinta perdido. Pelo contrário, é conduzido com segurança ao longo do livro, ora viajando na garupa da moto, ora contemplando o percurso do alto de mirantes que permitem vislumbres do conjunto. Para os amantes do motociclismo e para os amantes da boa literatura, este livro é, pois, um lugar de encontro.
Em Mário, Otávio, temos a rara oportunidade de ler páginas inéditas de Mário de Andrade. Suas correspondências com Otávio Dias Leite ajudam a compreender a posição dos escritores nos debates anteriores e posteriores à Segunda Guerra, discutindo temas como a função social da arte ante o dirigismo do nazi-fascismo e do stalinismo. Os textos foram organizados e anotados por Marco Antonio de Moraes, professor de Literatura Brasileira na Universidade de São Paulo.
Organização, Introdução e Notas: Marcos Antonio de Moraes
Paulistano de ascendência grega e cristã, Cordás pretendia apresentar o lado moderno de um país frequentemente identificado à Antiguidade. Acabou encontrando, na história dos judeus, outra face da Grécia. Nesta narrativa repleta de ironias e digressões, o rigor documental está a serviço da memória afetiva desse encontro de culturas. Assim, este livro expressa o espírito mediterrâneo de convívio e hospitalidade: cada qual à sua maneira, judeus e gregos ajudaram a moldar nossa civilização.
William Beckford foi um notável escritor, crítico de arte e político do século XVIII. Este livro, publicado pela primeira vez em 1870, retrata artistas que, muitas vezes, são absolutamente inventados. Divertimento de um diletante das artes, seu texto é uma sátira das tradicionais biografias de artistas. A obra sugere diversas leituras e instiga ainda hoje a curiosidade do público, que tenta identificar os pintores por trás dos pseudônimos – como se eles fossem reais.
William Beckford foi um notável escritor, crítico de arte e político do século XVIII. Este livro, publicado pela primeira vez em 1870, retrata artistas que, muitas vezes, são absolutamente inventados. Divertimento de um diletante das artes, seu texto é uma sátira das tradicionais biografias de artistas. A obra sugere diversas leituras e instiga ainda hoje a curiosidade do público, que tenta identificar os pintores por trás dos pseudônimos – como se eles fossem reais.
Nestes tempos em que a globalização nos torna tão parecidos, a memória adquire uma dimensão especial: recuperar o que há de único em cada um de nós. Este álbum é o presente ideal para a mulher que, como mãe e avó, gostaria de deixar a seus descendentes fragmentos da própria história. Contém uma árvore genealógica para ser preenchida, além de espaços para colar fotos e outras recordações. As páginas podem ser preenchidas com relatos, lembranças e sensações de momentos importantes.
Na sua primeira edição (2011), esse livro recebeu o título de Uma Arqueologia da Memória Social. Agora reeditado em 2018, todo revisado, vem com o novo título Moleque de Fábrica – Uma Arqueologia da Memória Social.
O autor nos apresenta uma trajetória pessoal de adversidades e superações, expondo o Brasil pela margem de dentro de seus dilemas, dias de blecaute e racionamento da Segunda Guerra Mundial, a morte de Getúlio Vargas, a greve dos 400 mil, em 1957, a violência doméstica resultante do embate entre a ordem rústica que se desagregava e o urbano anômico que se impunha. Com seu olhar microscópico e cotidiano, José de Souza Martins conta sua infância e adolescência, na roça e na fábrica, traçando o retrato de uma era decisiva no advento da modernidade no Brasil: a era Vargas. Sua história é um convite à iniciação nas ciências humanas. Um jeito diferente de conhecer o que elas têm a dizer sobre o homem comum sem desconhecer-lhe o imaginário que dá sentido às incertezas do viver sem rumo.
Ilustrada por Laerte, esta coletânea reúne reportagens de Zé Grandão, personagem que Alencar criou para revelar curiosidades sobre as redações jornalísticas. Já publicadas na imprensa diária, são histórias pessoais e profissionais pontilhadas de detalhes picarescos e figuras notáveis. José Roberto Alencar começou a atuar na imprensa em 1972. Já passou por diversas redações, dentre as quais as de Opinião, Movimento, Realidade, Senhor, Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e Jornal do Brasil.
Ilustrada por Laerte, esta coletânea reúne reportagens de Zé Grandão, personagem que Alencar criou para revelar curiosidades sobre as redações jornalísticas. Já publicadas na imprensa diária, são histórias pessoais e profissionais pontilhadas de detalhes picarescos e figuras notáveis. José Roberto Alencar começou a atuar na imprensa em 1972. Já passou por diversas redações, dentre as quais as de Opinião, Movimento, Realidade, Senhor, Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e Jornal do Brasil.
A infância é uma energia que nunca morre. E que nos socorre nos momentos de maiores angústias. Lembrar que já fomos jovens, que já nos colocamos diante do mundo com os olhos de primeira vez. A infância talvez seja o tempo que nunca termina. É em tal sentido poético que as crônicas que reuni neste livro podem ser lidas como um eterno presente, como uma recordação constante desta geografia infantil, ficcional porque imaginária no retorno que fazemos a ela.
Mais conhecido como líder da Missão Francesa ao Brasil no século XIX, Le Breton tece aqui um elogio à obra do compositor austríaco. Cheio de anedotas biográficas, o texto confirma a posição de artistas e políticos da época que buscavam novos caminhos para a arte brasileira. Editado no Rio de Janeiro em 1820, este foi o primeiro livro sobre música publicado no país. Nesta reedição, constam ensaios de Mônica Lucas e Paulo Mugayar Kühl, além do prólogo e dos apêndices do tradutor anônimo.
A morte de Euclides da Cunha foi um fato marcante do início do século XX. O então cadete Dilermano de Assis, com quem o escritor trocou tiros, casou-se com Ana, viúva de Euclides. Dirce Cavalcanti é a filha que o general Dilermano teve depois de se separar de Ana. Pelos olhos de criança e depois adolescente, seguimos a dolorosa tomada de consciência de ser “a filha do assassino”. No decorrer do depoimento, acompanhamos como ela perdeu e recuperou a estima pelo pai, protagonista da tragédia.
A saga começa no Colégio dos Jesuítas do Rio de Janeiro, primeiro ponto de venda de livros no Brasil. Chega às lojas sofisticadas e moderninhas, com café, computadores e tardes de autógrafo. Entre esses extremos, se desenrola uma história conturbada, que se alterna entre o livre intercâmbio de ideias e o enfrentamento da censura. Este Pequeno Guia é um passeio de três séculos e meio, um convite ao leitor para conhecer as idas e vindas da história intelectual brasileira.
Em 1930, Ishikawa se inscreveu no programa de imigração para o Brasil. Fez um acordo com a revista em que trabalhava e comprometeu-se a produzir artigos sobre a viagem. Chocado com a miséria dos imigrantes, decidiu escrever um romance. O cotidiano dos japoneses pobres foi pouco explorado pela literatura – mais interessada na vida da classe média urbana. Sobô descreve a longa viagem até o Brasil, a chegada ao porto de Santos e a distribuição dos trabalhadores pelas fazendas de café.
Tradução: Maria F. Tomimatsu, Monica Okamoto, Takao Namekata
Ecléa Bosi, professora da USP, fez caminhos teóricos inovadores para tratar de memória, preconceito, conformismo e rebeldia. A autora tornou atuais as ideias de pensadores como Bergson, Benjamin, Gandhi e Simone Weil, e convida, aqui, o leitor a dialogar sobre o que a memória recupera, redime e inspira. Dentro dessa perspectiva, os clássicos ajudam a compreender o cotidiano das metrópoles de hoje, com suas contradições entre lembrança e esquecimento.
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