Primeiro Livro. A Vida Muito Horrífica do Grande Gargantua, Pai de Pantagruel
R$176,00Vencedor do Prêmio Literário Biblioteca Nacional 2022
Categoria Tradução (Prêmio Paulo Rónai)
3o. Colocado
Rabelais, ainda sob o pseudônimo de Alcofrybas Nasier, lança essa obra onde o foco é o pai de Pantagruel, o gigante Gargantua. A primeira edição, sem data, pode ter sido publicada em 1534. Na obra, Rabelais conta a estória de Gargantua: seu estranho nascimento pela orelha, sua genealogia, seu apetite gigantesco, sua precocidade, educação, e muito mais em episódios inesquecíveis. No prólogo, o autor convida o leitor a encontrar o sentido profundo do livro, como um cão que mordendo o osso encontra ali o tutano “substantífico”. O livro está profundamente inserido nas conjunturas sociais de seu tempo e igualmente do mundo de hoje: guerras injustas, intolerância, imperialismo, radicalização religiosa entre conservadores e reformistas, bem como novas propostas para uma educação humanista. Todos esses temas passam pelo crivo da sátira rabelaisiana, em episódios tornados clássicos, tais como o delírio de poder do invasor Picrocole (Bile Negra), numa caricatura do imperador Carlos v, mas corrosivamente apropriada ao mundo contemporâneo. Na obra, Rabelais apresenta pela primeira vez seu notório personagem, frei Jean (“do Picadinho”), e encerra o livro com a famosa descrição de um mundo utópico, na Abadia de Thélème, onde o lema é faça o que quiser. No livro também desponta o evangelismo reformador de Rabelais, razão de seus problemas com os teólogos da Sorbonne. O âmbito linguístico de Rabelais é perene desafio ao tradutor pela sua plasticidade e pelas particularidades do francês do século dezesseis. A isso somam-se trocadilhos intraduzíveis, listas, poemas rimados, nonsense, arcaísmos e neologismos. Rabelais escrevia com vários compêndios abertos sobre a mesa.
Obra genial, o livro é parte do projeto já concluído e sendo publicado pela Ateliê Editorial, das Obras Completas de Rabelais por Élide Valarini Oliver. A estudiosa põe à disposição do leitor um aparato de leitura que compreende introdução, comentários e notas.
Élide Valarini Oliver é professora de literatura brasileira e literatura comparada na Universidade da Califórnia, Santa Barbara, e especialista na obra de Rabelais, sendo autora de inúmeros artigos. Seu livro Joyce e Rabelais: Três Leituras Menipeias é uma obra rigorosa e original onde a autora estabelece relações entre estes dois escritores. Autora também de Variações sob a Mesma Luz. Machado de Assis Repensado, livro que foi extremamente bem recebido pela crítica. Poeta, autora de Campo Ceifado Agora, com introdução de Luiz Costa Lima. Ela é diretora do Centro de Estudos Portugueses no Departamento de Espanhol e Português da Universidade da Califórnia, Santa Barbara, e é também editora de Santa Barbara Portuguese Studies, cuja série pode ser lida em impressão digital em seu site. Élide Valarini Oliver ganhou o prêmio Jabuti de tradução, com seu primeiro livro traduzido da série de Rabelais, O Terceiro Livro. A tradução das obras completas de Rabelais, com comentários, introdução e notas, vem sendo feita pela autora há mais de vinte e cinco anos, tendo ela recentemente completado o resto da obra: o assim chamado Quinto Livro, publicado após a morte do autor, e seus almanaques e prognósticos, jamais antes traduzidos em língua portuguesa. Suas traduções já publicadas foram consideradas por um dos maiores críticos de literatura brasileira, agora falecido, como “não apenas uma obra de tradução, mas uma obra que faz parte da literatura brasileira”.
Tradução, Introdução, Notas e Comentários: Élide Valarini Oliver
Ilustrações: Gustave Doré
Coedição: Editora Unicamp
Prêmio Paulo Rónai (categoria Tradução) da Biblioteca Nacional 2022